Mestre Vitalino
Este
blog será inaugurado com uma homenagem ao maior de todos os mestres da
arte popular brasileira que em 2009 completaria 100 anos de vida, o
mestre Vitalino.
Mestre Vitalino, Caruaru, Pernambuco, 1947. Foto: PIERRE VERGER
Vitalino Pereira dos Santos foi um homem
despretencioso sobre o futuro sua arte. Ele nasceu no dia 10 de julho
de 1909 no distrito de Ribeira dos Campos, nas cercanias da cidade de
Caruaru, Pernambuco. Sua história com o barro começou cedo, tinha apenas
6 anos de idade; aprendeu com sua mãe, Dona Josefa, que além de
lavradora era louceira. Vitalino aproveitava as sobras do barro
utilizado por sua mãe na fabricação de pratos, tijelas, panelas e potes.
No começo fazia pequenos animais, como bois e cavalos que os irmãos
levavam para vender na feira. Com o tempo, o mestre passou a aprimorar
sua técnica e começou a retratar várias cenas do cotidiano da região. Os
especialistas da obra de Vitalino contabilizam mais de 130 temas
retratados pelo mestre.
Sua vida foi como a de muitos
nordestinos: pobre, não frequentou a escola porque tinha que ajudar seus
pais na lavoura. Fisicamente também não se distinguia muito dos demais
homens da região: baixo e franzino, cor parda, pele aspera e queimada do
sol. Casou-se aos 22 anos de idade com Joana Maria da Conceição, a
Joaninha, com que teve 16 filhos, dos quais apenas 6 sobreviveram. Após
17 anos de casamento deixou o sítio Campos e se mudou para o Alto do
Moura, comunidade localizada a 7 Km de Caruaru, onde passou o resto de
sua vida. No Alto do Moura sua obra passou a ter mais destaque, ele era
muito admirado pelos demais moradores do lugar. Todos queriam ver de
perto seu trabalho e aprender com o mestre.
Na
decada de 40 as obras do Mestre Vitalino ganharam grande notoriedade na
região Sudeste a partir de uma Exposição de Cerâmica Popular
Pernambucana, organizada por Augusto Rodrigues no Rio de Janeiro em
1947. Depois em Sao Paulo expôs no Museu de Arte de São Paulo - MASP em
1949. Depois disso, a obra de Vitalino caiu no gosto das elites e virou
noticia na imprensa nacional; isso fez com que a feira de Caruaru, local
onde o mestre comercializava suas peças, tornasse uma atração
turística. Em 1960, Vitalino fez sua primeira viagem de avião para o
Rio de Jeneiro. Durante os 15 dias que permaneceu na cidade, compareceu a
jantares, exposições, entrevistas e programas de televisão. Essa seria a
época do apogeu da obra de Vitalino, do qual ele parecia não ter muita
consciencia. Como prova disso está o fato do mestre só ter passado a
assinar suas peças depois de ter sido aconselhado por Abelardo
Rodrigues, pois um dia aquele trabalho poderia valer muito. Depois da
viagem ao Rio, vieram outras como a Brasília e de São Paulo. Vitalino
ganhava o Brasil e o mundo, mas infelizmente seu tempo de vida a partir
desta época foi muito curto. Vitalino morreu em 1963, aos 57 anos,
vítima de varíola, do descaso e da falta de conhecimento.
Como ocorre na maioria dos casos, o reconhecimento da obra do Mestre Vitalino ganhou ainda mais importancia e notoriedade após a sua morte. Suas obras mais famosas são o Violeiro, o Boi, o Trio pé de serra, o Enterro na rede, o Cavalo-marinho, o Casal no boi, os Noivos a cavalo, o Caçador de onça, a Família lavrando a terra, Lampião e Maria Bonita, dentre outras.
Como ocorre na maioria dos casos, o reconhecimento da obra do Mestre Vitalino ganhou ainda mais importancia e notoriedade após a sua morte. Suas obras mais famosas são o Violeiro, o Boi, o Trio pé de serra, o Enterro na rede, o Cavalo-marinho, o Casal no boi, os Noivos a cavalo, o Caçador de onça, a Família lavrando a terra, Lampião e Maria Bonita, dentre outras.
A produção do artista passou a ser iconográfica e inspirou a formação de várias gerações de artistas, especialmente no Alto do Moura em Caruaru. Nesta geração de artistas populares do Alto do Moura influenciados pelo mestre destacam-se nomes como: Manuel Eudócio (Mestre Eudócio), Severino Vitalino (filho do mestre), Elias Vitalino (neto do mestre), Marliete Rodrigues, Socorro Rodrigues, Seu Elias e vários outros.
Mestre Vitalino, Noivos, ceramica policromada, Reprodução fotográfica Soraia Carls/ Evandro Carneiro Leiloes.
Mestre Vitalino, Homem tirando leite, ceramica, Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Mestre Vitalino, Noivos a cavalo, cerâmica policromada, Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Mestre Vitalino, Violeiros, cerâmica policromada. Acervo do Museu Casa do Pontal, Rio de Janeiro-RJ. Foto: autoria desconhecida
Mestre Vitalino, Onça atacando, cerâmica policromada, Reprodução fotográfica Soraia Carls/ Evandro Carneiro Leiloes.
Mestre Vitalino, Cambiteiro, cerâmica. Acervo do Museu do Homem do Nordeste, Recife-PE. Foto: arquivo pessoal.
Mestre Vitalino, Cambiteiro, cerâmica. Acervo do Museu do Homem do Nordeste, Recife-PE. Foto: arquivo pessoal.
Mestre Vitalino, Boi, cerâmica policromada. Acervo do Museu de Arte Popular do Recife. Foto: autoria desconhecida.
Mestre Vitalino, Boi, cerâmica. Acervo do Museu de Arte Popular do Recife. Foto: autoria desconhecida.
Mestre Vitalino, Cangaceiro a cavalo, cerâmica. Acervo do Museu de Arte Popular do Recife. Foto: autoria desconhecida.
Mestre Vitalino, Boi, cerâmica. Acervo do Museu de Arte Popular do Recife. Foto: autoria desconhecida.
Mestre Vitalino, Cangaceiro a cavalo, cerâmica. Acervo do Museu de Arte Popular do Recife. Foto: autoria desconhecida.
Parte de sua obra pode ser contemplada em importantes museus, alguns dedicados à arte popular, como o Museu de Arte Popular do Recife (Recife), Museu Casa do Pontal (Rio de Janeiro) e o Museu do Folclore Edison Carneiro (Rio de Janeiro). Vitalino possui ainda obras expostas no Museu do Homem do Nordeste (Recife), Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro) e no Museu do Louvre (Paris, França). Entretanto, a maior parte de suas obras faz parte de coleções particulares. As obras de Vitalino alcançou ao longo dos anos um elevado valor econômico e ainda sao comercializadas em alguns leiloes de arte pelo Brasil.
Mestre Vitalino, boi, cerâmica. Acervo Museu de Arte Popular do Recife. Foto autoria desconhecida
Mestre Vitalino, Cachorro abocanhando um teju, cerâmica policromada, acervo Museu de História e Arte do Estado do Rio de Janeiro
Mestre Vitalino, Carro de boi, cerâmica. Acervo do Museu do Homem do Nordeste, Recife-PE. Foto: arquivo pessoal.
Mestre Vitalino, vaquejada, cerâmica. Acervo Museu de Arte Popular do Recife. Foto autoria desconhecida
Mestre Vitalino, Lampiao, cerâmica policromada, acervo Museu de História e Arte do Estado do Rio de Janeiro.
Mestre Vitalino, Tropeiro, cerâmica. Acervo do Museu do Homem do Nordeste, Recife-PE. Foto: arquivo pessoal.
Mestre Vitalino, Banda de Músicos, ceramica policromada, Reprodução fotográfica Soraia Carls/ Evandro Carneiro Leiloes.
Mestre Vitalino, boi, cerâmica. Acervo Museu de Arte Popular do Recife. Foto autoria desconhecida
Mestre Vitalino, Emboscada, ceramica policromada, Reprodução fotográfica Soraia Carls/ Evandro Carneiro Leiloes.
Mestre Vitalino, retirantes, cerâmica. Acervo Museu de Arte Popular do Recife. Foto autoria desconhecida
Mestre Vitalino, vaquejada, cerâmica. Acervo Museu de Arte Popular do Recife. Foto autoria desconhecida
Mestre Vitalino, Caçador com seu cachorro, ceramica policromada, Reprodução fotográfica Soraia Carls/ Evandro Carneiro Leiloes.
Mestre Vitalino, vaquejada, cerâmica. Acervo Museu de Arte Popular do Recife. Foto autoria desconhecida.
Mestre Vitalino, Caldeira, cerâmica. Acervo do Museu do Homem do Nordeste, Recife-PE. Foto: arquivo pessoal.
Mestre Vitalino, Confissao, ceramica policromada, Reprodução fotográfica Soraia Carls/ Evandro Carneiro Leiloes.
Mestre Vitalino, Cangaceiro a cavalo, cerâmica policromada. Acervo do Museu do Barro - Espaço Zé Caboclo, Caruaru, PE.
Mestre Vitalino, Noivos a cavalo, cerâmica, Reprodução fotográfica Lordello & Giobbi Leilões.
Do Blog: http://artepopularbrasil.blogspot.com.br
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