Memorial do Boi
Em um mundo em que
tanto se fala dos sofrimentos humanos e da dificuldade de cada um de lidar com
o universo que nos cerca, o artista plástico Antonio Pedro Belem, de Marília,
SP, traz à tona, em seu Memorial do Boi, as diversas relações do ser humano com
esse animal.
O resultado é
contundente e mostra de maneira pungente a dificuldade de conviver com o outro
que caracteriza, talvez a raça humana, já que a violência se mostra onipresente
dentro do conceito de memorial que o criador apresenta ao observador. Trata-se
de uma linguagem direta, que alerta e questiona.
A obra, com 2 metros de
altura, circunferência de 1,80 m e bases laterais de 65 cm, é encabeçada pelo
crânio de um boi. A força dessa imagem remete à morte, mas também evoca o
célebre monólogo de Hamlet, na odisseia humana do “Ser ou não”. Acima de tudo,
está a proposta de Belem de gerar questionamentos.
Se as imagens de
touradas e farra do boi apresentam alto teor de denúncia isoladamente; no conjunto,
funcionam como uma grande colagem de fragmentos, produzindo um pensar sobre
aquilo de que o ser humano é capaz. Esteticamente, o resultado agrada e a
mensagem que se visualiza pode gerar diversos sentimentos, mas nunca o de
indiferença.
Oscar D’Ambrosio,
doutorando em Educação, Arte e História da Cultura na Universidade Mackenzie, é
mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp. Integra a Associação
Internacional de Críticos de Arte (AICA-Seção Brasil).
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