Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa para o Blog do Noblat
Pintura: A Espiritualidade em Friedrich
Apesar da tranquilidade e harmonia que encontrou em sua nova vida de marido e pai, Caspar continuou a ser um homem atormentado por antigas lembranças. O sofrimento pelo qual passou na infância (a perda da mãe e de um irmão) afetou profundamente a natureza já extremamente sensível do pintor. Ele vivia obcecado com a ideia da morte, com sua fé em Deus e com a paz da Natureza.A beleza da paisagem solitária da costa do mar Báltico, a cadeia de Montanhas Gigantes (Riesengebirge) e as Montanhas Harz lhe proporcionaram muitos temas para seus quadros. Nas excursões que fazia, Friedrich desenhava os arco-íris, os velhos carvalhos e os pinheiros que via e que tinham, para ele, um imenso significado.
“O divino está em toda parte, até num grão de areia”, escreveu. A fusão que ele fez da observação atenta do seu entorno com a piedade que lhe invadia a alma, resultaram em quadros de grande expressão e forte espiritualismo.
O protestantismo repassado pelas artes plásticas na Alemanha do início do século XIX tendia a ver a natureza como mãe pagã mais do que como criação de Deus, bastante próximo do panteísmo, segundo alguns críticos acerbos.
Friedrich é uma exceção. Sua mente, seu coração e seu talento serviam ao Deus cristão. O que não o impediu de entretecer o nacionalismo e o protestantismo com o espírito teutônico que transpirava do gótico, essa a mistura poderosa da arte de Caspar David Friedrich.
Ironia do destino, foi Napoleão, aquele novo Cesar, visto por Friedrich e seus amigos como o Anticristo reencarnado, que ao saquear museus e palácios e levar para o Louvre antigos quadros alemães e dos Países Baixos, quem fez a Europa do Norte tornar a se orgulhar de sua herança medieval. E a lastimar, tardiamente, alguns dos tesouros que tinha em mãos e que lhe foram tomados (como o quadro acima, A Árvore dos Corvos, 1822).
“Casal Contemplando a Lua”, óleo sobre tela, 34 x 44 cm
Acervo Alte Nationalgalerie (Museu de Arte Antiga), Berlim
“A Árvore dos Corvos”, óleo sobre tela, 73.0cm de largura x 60cm de altura.
Acervo Museu do Louvre, Paris
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