quarta-feira, 11 de abril de 2012

Friedrich: Os Penhascos de Rügen

Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa -para o Blog do Noblat

Em 1798 a família de Friedrich mudou-se para Dresden, a capital da literatura romântica alemã. Lá Friedrich travou amizade com Phillip Otto Rünge e foi com ele percorrer os Alpes. Quando voltaram, Rünge o apresentou aos artistas românticos Johann Christian Dahl, Carl Gustav Carus, Novalis e Georg Friedrich Kersting.
Também conheceu Goethe, que lhe abriu as portas para uma exposição em Weimar, onde ganhou seu primeiro prêmio, em 1805. Dresden era o ambiente ideal para o talento e a sensibilidade de Friedrich.
Das cercanias dessa cidade, do vale do Elba, das cadeias de montanhas e da proximidade com as lindas e silenciosas praias do mar Báltico, Friedrich tirou muita inspiração para suas belas paisagens.
Dresden tinha ainda a vantagem de estar muito próxima de Berlim, o que favorecia um contacto com a intelectualidade alemã e com os grandes museus da capital.
Em 1818 casou-se com Caroline Bommer, jovem bem mais moça que ele e com quem teve três filhos. Não se pode dizer que o casamento tenha mudado sua personalidade, mas é certo que suas obras ganharam em leveza, perderam o ar sempre soturno e melancólico, e mais importante que tudo, a figura feminina encontra um papel importante.

 
Acima Os Penhascos de Rügen (1818), lembrança da viagem de lua de mel com Caroline: a paisagem linda e luminosa, alegre, mas um Friedrich embevecido com o que vê e distraido com o que ocorre à sua volta. Ele sempre nos surpreenderá...
Mas a paleta mais leve, brilhante, e a paisagem que antes era nua e agora passa a ser habitada, levaram a historiadora de arte Linda Siegel a registrar que o casamento e os filhos atenuaram a melancolia do artista “cujo pensamento passa a ser cada vez mais ocupado por sua família, sua mulher, seus amigos e até alguns habitantes de Dresden”.
Foi na mesma época que ele conheceu duas pessoas que viriam a ter grande importância em sua vida: o grão-duque Nikolai Pavlovitch, que se torna comprador assíduo de suas obras e o poeta Vasily Jukovski, tutor do futuro czar Alexandre II, que descobre no pintor alemão uma alma gêmea.
Durante décadas o poeta ajuda o pintor, comprando telas para si mesmo e recomendando seus quadros para a família imperial russa. Jukovski numa carta diz que o trabalho de Friedrich “desperta antigas lembranças em nossas mentes”.

Acima, No Veleiro (1818/20), com Caspar e Caroline retornando para a bela Dresden, cujo perfil se vê ao fundo. De novo, uma paisagem leve e colorida, cheia de vida.

“Os Penhascos de Rügen”, óleo sobre tela, 90.5 × 71 cm
Acervo Museum Oskar Reinhart, Winterthur, Suiça

"No Veleiro", óleo sobre tela, 71 × 56 cm
Acervo Museu Hermitage, São Petersburgo, Russia

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