sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

São Miguel e o Diabo - 1958/1959 - Jacob Epstein

 Escultura: São Miguel e o Diabo (1958/1959)

Epstein ficou célebre pelos dois tipos de estilo que nortearam suas obras: o primeiro marcou as figuras alegóricas ou religiosas, formas de aspecto rude e brutal, esculpidas diretamente em grandes pedaços de pedra, muitas vezes revelando o formato do bloco original.
O segundo, uma quantidade de bronzes moldados em argila. E, ocasionalmente, ele trabalhava em peças monumentais, tais como o bronze para a Catedral de Coventry.
Há mais de mil anos que há uma catedral em Coventry, sempre dedicada a São Miguel Arcanjo. A história da cidade e de suas catedrais se confunde.
A nós, ao falarmos em Sir Jacob, interessa o seguinte trecho da história: na noite de 14 de novembro de 1940 os nazistas bombardearam Coventry, devastando tudo e reduzindo sua linda catedral gótica a ruínas. A decisão de reconstruir a catedral foi tomada no dia seguinte ao assalto da Luftwaffe; em 23 de março de 1956 a rainha Elizabeth II pousou a pedra fundamental e em 25 de maio de 1962, a nova catedral foi consagrada.
As ruínas da catedral ferida pelos nazistas e a nova e belíssima catedral moderna formam uma única catedral viva (foto à esquerda). E nela está uma das mais belas peças de Jacob Epstein: “São Miguel e o Diabo”.
De início a escolha de Epstein para esculpir o santo padroeiro da catedral chocou, não só pela sua fama de escultor ousado, como por um detalhe logo mencionado na reunião da Comissão da Reconstrução: “Mas ele é judeu!”. A resposta do brilhante arquiteto Basil Spence, escolhido para criar a nova igreja, calou a todos: “Assim como Jesus Cristo”.
O padre Arthur Wales, um dos párocos de Coventry, recolheu três pregos medievais entre as ruínas do altar e montou uma cruz que está no altar-mor da nova catedral.  Com outros pregos também encontrados nos destroços, Basil Spence mandou formar cruzes e enviar para as catedrais de Dresden, Kiel e Berlim, vítimas também da estupidez da guerra.
Foi do arquiteto, igualmente, a comovente decisão de deixar as ruínas intactas e fazer a nova catedral surgir delas, formando o espaço da Recordação.
Além da História viva que presenciamos em Coventry, quem lá vai pode se extasiar com uma obra-prima de Sir Jacob Epstein (foto principal). São mais felizes que o escultor que faleceu em 19 agosto de 1959 e não pode ver sua obra instalada na bela catedral.

Catedral de Coventry, Coventry, Inglaterra
 Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa p/ www.blogdoNoblat.com.br
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