segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Memorial do Boi - por Oscar D'Ambrosio





                                                                 Memorial do Boi

               Em um mundo em que tanto se fala dos sofrimentos humanos e da dificuldade de cada um de lidar com o universo que nos cerca, o artista plástico Antonio Pedro Belem, de Marília, SP, traz à tona, em seu Memorial do Boi, as diversas relações do ser humano com esse animal.

             O resultado é contundente e mostra de maneira pungente a dificuldade de conviver com o outro que caracteriza, talvez a raça humana, já que a violência se mostra onipresente dentro do conceito de memorial que o criador apresenta ao observador. Trata-se de uma linguagem direta, que alerta e questiona.

              A obra, com 2 metros de altura, circunferência de 1,80 m e bases laterais de 65 cm, é encabeçada pelo crânio de um boi. A força dessa imagem remete à morte, mas também evoca o célebre monólogo de Hamlet, na odisseia humana do “Ser ou não”. Acima de tudo, está a proposta de Belem de gerar questionamentos.

          Se as imagens de touradas e farra do boi apresentam alto teor de denúncia isoladamente; no conjunto, funcionam como uma grande colagem de fragmentos, produzindo um pensar sobre aquilo de que o ser humano é capaz. Esteticamente, o resultado agrada e a mensagem que se visualiza pode gerar diversos sentimentos, mas nunca o de indiferença.

Oscar D’Ambrosio, doutorando em Educação, Arte e História da Cultura na Universidade Mackenzie, é mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp. Integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA-Seção Brasil).

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