sábado, 10 de março de 2012

Autorretrato (1906)

                     Autorretrato - óleo sobre tela: 65x54 cm - Acervo Museu Picasso, Paris

Foi durante a Fase Rosa que Picasso aderiu aos intelectuais radicais de Paris, influenciados por Max Sterner (1806-1856), cujas teorias sobre realização individual desaguariam no “egoísmo voluntário” que acabou servindo, indiretamente, à causa nazista.

A corrente artística da época, influenciada por essa teoria, levava à idealização da classe média. Picasso, que se entusiasmou no início, pouco a pouco foi se afastando dessa escola de pensamento justamente por sua crescente lealdade aos destituídos, com aqueles que se encontravam à margem da sociedade e isso acabou sendo um movimento que o encaminhou conscientemente para a esquerda.

Foi durante a Fase Rosa, no entanto, que Picasso começou a ter sucesso comercial, sucesso que uma vez instalado nunca mais o abandonou. Dali em diante, na maior parte das vezes, ele adotaria uma posição anti-intelectual, interrompida de quando em quando por breves namoros com a esquerda, o que no meio artístico não era nada de excepcional.

Mas permaneceu sempre um ferrenho inimigo da extrema direita, como é notório em sua revolta contra a crueldade inútil e feroz da Guerra Civil espanhola e a resultante vitória de Franco. Guernica (imagem à esquerda), obra maior do pintor, é a prova viva de seu sentimento.

Há quem atribua a Fase Rosa ao seu relacionamento com Fernande Olivier, que ele conheceu em 1904, o que é muito possível. Apaixonado, realizado como homem, encantado e feliz com Fernande pelo menos enquanto durou a fase rosa, nas telas e desenhos dessa época vemos um Picasso feliz.

Há muito ainda a ser dito sobre o pintor, um gênio da Pintura e uma figura marcante do século 20. Aos poucos iremos desbravando esse labirinto interessantíssimo que foi Pablo Picasso.

A imagem de hoje é seu autorretrato feito em 1906, para ser comparado, se quiserem, com o autorretrato de 1901 que foi publicado aqui na última segunda-feira, 5 de março. Comparando as duas telas podemos ver a transformação pela qual passou o artista, e que desaguaria numa marcante revolução nas Artes Plásticas.



                         
                           Guernica - óleo sobre tela: 350x782 cm - Acervo Museo Reina Sofia, Madrid








                

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