quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Retratos: Goya (1826) por Vicente López y Portaña


Pintura: Francisco de Goya y Lucientes (1826)


O pintor: Vicente López y Portaña (1772-1850) é tido como o melhor retratista espanhol de seu tempo. Estudou pintura em sua cidade natal, Valencia, depois na Academia Real de Belas Artes de São Fernando, em Madrid. Em 1814 foi chamado pelo rei Ferdinando VII para ser pintor da Corte. Logo depois sucedeu Goya como “Primeiro Pintor da Corte”. Em 1817, foi nomeado Presidente da Academia Real de Belas Artes de São Fernando. Neoclássico, mas com alguns traços do estilo rococó, López foi pintor prolífico, mas sua especialidade foram os retratos. Durante sua longa carreira retratou quase todos os notáveis da Espanha.
O retrato: Em 1826, López pintou o retrato de Goya quando o grande mestre da pintura espanhola visitava a Corte, vindo de Bordeaux, onde então vivia. Goya estava com 80 anos e morreria dois anos depois. Consta que Goya se aborreceu ao posar, pois o colega era muito meticuloso e exigente com os detalhes e, por causa da impaciência do modelo o retrato não ficou tão perfeito como outros feitos por López.
Mas foi justamente esse detalhe, a forte personalidade do retratado que fica aparente no quadro, que fez desse retrato, ao longo dos anos, o mais intenso e o mais conhecido de todos os que López pintou.
Francisco José de Goya y Lucientes dispensa apresentações. Apelidado de “Goya, o Turbulento” por seus contemporâneos, deixou-nos testemunhos vibrantes da vida na Espanha, mostrando homens e mulheres de seu tempo, a paisagem, a tragédia, a comédia, a farsa, a miséria, e desenhando os deuses, demônios e feiticeiros que assombravam seu espírito.
A história de sua vida parece um romance de aventuras e apesar de Goya ter vivido em um tempo onde muito pode ser comprovado (1746-1828), jamais a lenda ou a verdade serão confirmadas. Goya foi um gigante intelectual e há quem diga que fez com o pincel, pelos espanhóis, o que Shakespeare fez com a pena, pelos ingleses.
Faz sucesso em Madrid com belos e coloridos cartões para tapeçarias. Em 1785, já era o “Primeiro Pintor da Corte”. Em 1792, adoece com enfermidade que lhe provoca surdez progressiva. Com a visão também prejudicada, começa então a isolar-se. Passa a notar o lado cruel e grotesco da vida e despreza o que ela apresenta de agradável. Desse período, são características as pranchas da série de gravuras “Os Caprichos”, que revelam uma faceta do artista que continuará a manifestar-se até sua morte.
Entre 1810 e 1814 produz uma das obras de arte mais incríveis que se conhece: “Os Desastres da Guerra”. A guerra nunca fora pintada como ela é, a morte e a crueza em lugar de heróis limpos e elegantes.
Exímio gravurista e pintor magistral, ele como que antecipa os diversos movimentos artísticos que virão: na exaltação da cor, o romantismo; na crítica aguda, o realismo; com as cores puras formando novas cores e delimitando os volumes, o impressionismo; na deformação da realidade, o expressionismo; e nas visões oníricas, o simbolismo. Foi, sem sombra de dúvida, um gênio.
Óleo sobre tela, 93 × 75 cm
Acervo Museu do Prado, Madrid
por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
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