terça-feira, 15 de novembro de 2011

Retratos: Erasmo de Rotterdam (1.530) - por Hans Holbein

por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Souza

Pintura: Erasmo de Rotterdam (c.1530)

 
O pintor: Nascido em 1497, Hans Holbein, o Jovem, natural de Augsburgo, é considerado o maior retratista alemão. Era filho de Hans Holbein, com quem estudou pintura. Em 1515, mudou-se com a família para a Basiléia. Viajou pela Itália para estudar os grandes mestres do classicismo.
A luta entre católicos e protestantes fez com que o jovem Hans não voltasse para casa e seguisse para a Inglaterra, em 1526. Só voltou para casa em 1528. Lá pintou esse retrato de Erasmo, de quem era amigo e admirador. Fez mais de uma centena de gravuras para ilustrar as “Histórias do Antigo Testamento”.
Erasmo, com muitos amigos entre os ingleses, sugeriu que o pintor voltasse para a Inglaterra, precedido por várias cartas de recomendação. Foi o que Hans fez. Lá viveu seus últimos anos como pintor da corte a serviço de Henrique VIII. Morreu em Londres, em 1543, vítima da peste.
O retrato: Das diversas versões de retratos de Erasmo de Rotterdam creditadas a Hans Holbein, o Jovem, esta é provavelmente uma das cinco efetivamente pintadas pelo artista. Nessa ocasião, Erasmo estava perto dos sessenta anos. Tufos de cabelos grisalhos escapam do chapéu, linhas fundas marcam o rosto, a pele está flácida, mas nada disso apagou o brilho, a sensibilidade, a intensidade do olhar penetrante. Podemos perceber, nesse retrato, o quanto Holbein admirava a inteligência do sábio humanista.
Desiderius Erasmus (1469?-1536) foi figura dominante no movimento humanista do século XVI. Árbitro intelectual dos últimos dias da unidade cristã ele é, até hoje, um dos mais polêmicos gigantes da cultura europeia. Estudou com os monges agostinianos e foi ordenado sacerdote em 1492. Prosseguiu seus estudos na Universidade de Paris e na Inglaterra, onde aprendeu grego para poder pesquisar, com os humanistas ingleses, as Escrituras e os ensinamentos dos teólogos dos primeiros anos do cristianismo. Achava que a Igreja se afastara das palavras de Cristo e sua luta foi no sentido de fazer valer o que Cristo pregou.
Rompeu com Lutero não sem antes debater longamente com ele. Para Erasmo, tanto estavam errados os protestantes com a pretensão de serem mais santos, quanto os católicos com a arrogância de se acharem os donos da palavra de Deus. Acreditava no espiritualismo cristão, no espírito tolerante e no amor ao conhecimento.
Escritor brilhante, publicou, entre outras obras, o célebre “Elogio da Loucura”, “O Manual do Soldado Cristão”, “Do Livre Arbítrio”; e um fascículo chamado “Julius exclusus”, do qual nunca assumiu a autoria, mas que passou para a história como dele. Foi escrito quando Erasmo estava em Roma e Julio II se meteu numa Guerra para conquistar Bolonha: o texto conta como o papa, ao chegar ao céu, tem a entrada recusada por São Pedro.
Óleo sobre madeira, 18.7 x 14.6 cm
Acervo Metropolitan Museum of Art, Nova York

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