sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Johann Vermeer: A Carta de Amor (1667/1670)



Johann Vermeer: A Carta de Amor (1667/1670)

O tema da patroa e sua criada era extremamente popular entre os pintores holandeses. Vermeer já o explorara em um de seus maiores quadros, A Patroa e sua Criada, antes de Carta de Amor.
Nos dois quadros Vermeer retrata magistralmente o momento em que a criada entrega (ou talvez receba em confiança) uma carta de amor.
No quadro de hoje o sorriso maroto da criada e a expressão ansiosa (e desconfiada) no rosto de sua patroa revelam que o amor era incerto naquele ambiente aparentemente tão certinho, tão arrumado.
Mas para sublinhar a ambivalência do momento e quebrar a harmonia aparente, o pintor espalhou naquela sala  uma cesta de roupas para lavar, um par de chinelos, uma vassoura e até uma partitura amassada, jogada no chão, como a nos dizer que nem tudo era como devia ser.
A touca branca da criada, que leva nossos olhos para as nuvens no quadro atrás dela, faz com que ela pareça mais alta. Seu ar determinado e seguro de si nos levam a crer que não há motivos para a patroa estar insegura. Mas como é que ela sabe se a carta está selada? O teatro holandês, assim como a literatura popular, muitas vezes falava das criadas que iam além do que seu lugar lhes permitia ir...
Os quadros dentro do quadro como sempre em Vermeer têm um sentido: a marinha leva a crêr que provavelmente o amado estava embarcado. A cena campestre, no quadro acima, remete às canções de amor, aos ditados populares, e aos passeios que os enamorados faziam no campo.
O vestido amarelo da jovem ansiosa ao que tudo indica era de caffa, uma seda pesada tecida especialmente para estofados ou para toaletes luxuosas. Sabe-se que o pai de Vermeer comerciava com esse tecido e o fato dele vestir a enamorada com essa seda nos leva, mais uma vez, a perceber a saudade que ele sentia da vida em casa dos seus e de como foi feliz na infância.
Vermeer usava a camera oscura para pintar detalhes como o pedaço da  tapeçaria na parede atrás das duas moças.
Já falamos desse artifício quando descrevemos as vistas de Canaletto, em Veneza. Aí está o link para quem se esqueceu: camera escura.

Abaixo A Patroa e sua Criada:

A Carta de Amor (1667/1670) óleo sobre tela, 44.0 x 38.5 
Acervo Rijksmuseum, Amsterdam
A Patroa e sua Criada (1666/1667) 90.2 x 78.7) óleo sobre tela 
Acervo The Frick Collection, Nova York
 Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 
13.12.2012 para Blog do Noblat


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