sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Magritte: O Terapeuta e 'Os poderes restauradores da Arte'

Em 1953, com o quadro “La Golconde” (abaixo), no qual uma chuva de homens usando
chapéu-côco cai do céu, Magritte começa a ser identificado por essas figuras, que serão
recorrentes em sua obra. É quando ele inicia várias séries, como a “Arte da Conversação”,
ou “Valores Pessoais”.



                                                       " O Terapeuta" em Gauche
                                                  "O terapeuta" escultura em bronze
                                                          152.4 x 133.4 x 85.1 cm
Foram muitas as séries que criou: Magritte era artista profícuo, além de ser um pesquisador
incansável. Foi um muralista de valor como atestam os murais que podem ser vistos no Théatre
Royal, em Bruxelas; no Casino de Knocke-le-Zoute; no Salão do Congresso do Palácio de Belas-Artes
de Charleroi.

Pintor de imagens insólitas, às quais deu tratamento rigorosamente realista, utilizou-se de
processos ilusionistas, sempre à procura do contraste entre o tratamento realista dos objetos
e a atmosfera irreal dos conjuntos. O pensamento visível, era seu objetivo.

Suas obras são metáforas que se apresentam como representações realistas, através da
justaposição de objetos comuns, e símbolos recorrentes em sua obra, tais como o torso feminino,
o chapéu-coco, o castelo, a rocha e a janela, entre outros mais, porém de um modo impossível de
ser encontrado na vida real.

No fim da vida, já doente, Magritte se dedicou à escultura e foi esse aspecto de sua arte,
por pouco conhecido, que resolvi mostrar aqui, no dia do encerramento da semana dedicada ao
grande artista belga. Ao fazer esculturas dos temas de suas telas, ele desenvolvia a tese da
correlação entre as realidades material e mental.

 “O terapeuta” (1967), em bronze, é uma escultura baseada em oito de suas telas. Como sempre,
Magritte pintava inúmeras vezes o mesmo tema, sempre com uma visão diferente. O tema podia ser
o mesmo, mas ele nunca se repetia... é só reparar nos detalhes. Repare por exemplo na bengala.

O terapeuta, na realidade, aparecia em suas obras desde 1936; em 37, o próprio artista se fez
fotografar, na mesma pose, com um cobertor em cima da cabeça e uma tela junto ao peito, no lugar
da gaiola.

A imagem (acima) mostra a pintura em guache, de 1936, tida como a primeira tela com esse tema;
foi um de seus temas mais copiados em anúncios, sendo que Magritte uma vez reagiu irritado contra
o “o hábito de plagiarem o terapeuta”. O guache pertence a uma coleção particular.

"O Terapeuta", com sua maleta de médico, a bengala, a manta para se proteger do frio, não tem
rosto, o que não era raro nas obras do artista, e nem possui alguma marca que revele quem
era o modelo. É possível que Magritte se identificasse com essa figura, pois acreditava nos
poderes restauradores da arte.

Em agosto de 1967, Magritte faleceu, aos 69 anos. Deixou o molde de sua obra inteiramente pronto,
 mas não chegou a vê-la em bronze.

A escultura mede 152.4 x 133.4 x 85.1 cm

 Acervos: Museu Hirshhom e Jardim das Esculturas, Washington, D.C.
               Golconda: René Magritte, The Menil Collection, Houston

 Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - para o Blog do Noblat - 31.08.2012

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