segunda-feira, 9 de abril de 2012

"Cruz das Montanhas" Um expoente do romantismo alemão (1807/8) - C.D. Friedrich

 por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa -p/ Blog do Noblat

 

O pintor alemão Caspar David Friedrich, nasceu em Greifswald, na Pomerânia Ocidental, hoje Alemanha (mas que na época pertencia à Suécia), em setembro de 1774 e faleceu em Dresden, em maio de 1840; foi um dos maiores expoentes da Escola Romântica na pintura e se tornou famoso por suas paisagens e marinhas eivadas de simbolismos e alegorias.

Estudou na Academia de Arte de Copenhagen e depois se estabeleceu em Dresden, a belíssima cidade situada às margens do rio Elba. Viajava muito por todo o norte da Alemanha e seus quadros são interpretações pessoais das árvores, colinas, do rio e suas praias rochosas, da névoa matinal que dava àquelas paragens um efeito muito especial, e que ele soube aproveitar e reproduzir com maestria.


Alguns de seus quadros mais famosos são expressões místicas, de uma religiosidade contemplativa. Em 1808, ele expôs uma das mais polêmicas de todas as suas obras e numa moldura muito significativa, feita por ele mesmo: A Cruz nas Montanhas (1807) (imagem acima), na qual um altar foi convertido em pura paisagem.
A cruz, vista obliquamente, é um pequeno elemento na composição. Mais importantes são os raios do sol poente, que o artista declarou ser o ocaso do velho mundo pré-cristão. A montanha simboliza a fé inabalável e os pinheiros, a alegoria do retorno da esperança.
Patriota ardente, Friedrich era devoto, introspectivo e muito melancólico. Sua mãe morreu quando ele estava com sete anos e seis anos mais tarde, seu irmão mais velho morreu ao salvá-lo: Caspar foi levado pela correnteza de um rio e se não fosse o irmão, certamente teria morrido. Muitos anos se passaram até que ele se perdoasse por esse fato do qual, na realidade, não tinha culpa alguma.
Profundamente germânicas, as imagens de Caspar David Friedrich são as mesmas de 'um Wagner sem a respiração adicional da música. Implicitamente musical, suas telas, no início de sua vida, têm a delicadeza dos acordes de Mozart, mas sempre prenhes do sentido da morte e da transfiguração, vão se tornando wagnerianas com os anos' (palavras de um curador do Museu de Belas Artes de Viena, Áustria).
Abaixo, Vista do Estúdio do Pintor (1805/06), obra que além de por em relêvo todo o talento do pintor, sobretudo na transposição para o papel da luminosidade suave de Dresden, nos ajuda a compreender os sentimentos de Friedrich.


“Vista do Estúdio do Pintor” é trabalho com tinta sépia e lápis.
Acervo Kunsthistorisches Museum, Vienna, Áustria

“A Cruz nas Montanhas” é óleo sobre tela, mede 115 x 110cm.
Acervo Gemäldegalerie, Dresden, Alemanha


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