sábado, 25 de fevereiro de 2012

Pintura: Curva Dominante (1936) Kandinski

Pintura: Curva Dominante (1936)Óleo sobre tela, 129,3 x 194,3 cm
Acervo Museu Guggenheim, Nova York


 O artista diante de Curva Dominante, em sua casa em Paris - foto de 1939



Quando Kandinsky foi obrigado a deixar a Alemanha, em 1933, devido a pressões políticas, o ambiente na França era depressivo e de desolação, pois a iminência da guerra era palpável. O que só piorou durante os anos terríveis da II Guerra Mundial. Mas a arte unia amigos antigos e novos que fez por lá.

Durante seus primeiros anos na França, ele experimentou com pigmentos misturados com areia, uma inovação técnica utilizada por muitos artistas parisienses durante os anos 30, inclusive por Georges Braque. Sempre atento às inovações artísticas e estilísticas de seus contemporâneos, Kandinsky nunca deixou de acrescentar sua marca pessoal em qualquer aspecto que tomasse emprestado de seus colegas.

Como foi observado pela historiadora de arte Vivian Barnett, Kandinsky utilizava os motivos biomórficos dos surrealistas, e também de Paul Klee, mas nota-se sua fascinação pelas ciências orgânicas, especialmente embriologia, zoologia e botânica.

Durante sua longa temporada em Bauhaus, ele criou muitas ilustrações com organismos microscópicos e colecionou vasta biblioteca sobre essas criaturas minúsculas, que depois aparecem de forma abstrata em muitas de suas telas.

Em suas últimas obras a paleta de cores é mais suave, a rigidez da geometria apreendida em Bauhaus é suavizada, tem muito das formas usadas pelos surrealistas com quem trava amizade em Paris, tais como Jean Arp e Joan Mirò. Nota-se também a influência das composições extravagantes e fantasiosas de seu velho amigo Klee, em telas cheias de alegria, lúdicas.

Kandinsky nunca abriu mão da emoção em suas obras. Razão e emoção, eis o que ele quis nos provar ser possível coexistir. Faleceu em 1944, em Neuilly-sur-Seine, aos 78 anos.

A imagem de hoje mostra um dos quadros mais importantes do pintor russo: “Curva Dominante”. No alto à direita, flutua um embrião esquematizado, cor-de-rosa, e dentro de um pequeno retângulo escuro no canto esquerdo, microscópicas figuras que se assemelham a animais marinhos. Essas imagens leves, flutuantes, quase sempre apresentadas em cor pastel, podem ser lidas como a visão otimista de Kandinsky, de um futuro pacífico, e o desejo que o pós-guerra trouxesse o renascimento e a regeneração do Homem
Óleo sobre tela, 129,3 x 194,3 cm
Acervo Museu Guggenheim, Nova York

 Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa para o Bog do Noblat
 www.noblat.com.br

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