quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A Morte de Atala (1883) Rodolfo Amoedo

Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa -p/ Blog do Noblat

 

Pintura: A Morte de Atala (1883)

Quando estudava em Paris, Amoedo foi aluno de Puvis de Chavanne, o pintor que decorou o Panteão de Paris, e de Alexandre Cabanel, que cultivava a tradição da escola francesa da segunda metade do século XIX.
A influência dos dois mestres se fez sentir quando Amoedo, de volta ao Brasil, é encarregado de criar paineis para importantes prédios públicos.
No Rio de Janeiro: para o Itamaraty, a convite do Barão do Rio Branco, painéis destinados a decorar o palácio para a visita oficial do presidente americano Theodore Roosevelt; para a Sala das Sessões do Supremo Tribunal Federal, três painéis, “Justiça”, “Paz” e “Lei”, onde se destaca a figura da Justiça sem a venda nos olhos; “A Fundação do Rio de Janeiro”, na sala de sessões do antigo Conselho Municipal, em colaboração com Roberto Rowley Mendes, em 1925; e mais dois pequenos painéis, “Reflexão” e “Memória”, para a Biblioteca Nacional; em São Paulo, um painel para o Museu do Ipiranga; no Ceará e no Rio Grande do Norte fez os panos de cenas dos teatros José de Alencar e Carlos Gomes, respectivamente.
No foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro deixou sua obra pública mais interessante: cenas de danças típicas que pintou em 1916. São oito painéis retratando as danças de diversos países: “Judéia”, “Roma”, “Grécia”, “Egito”, “Hungria”, “França”, “Espanha” e “Polônia”. Completam a ornamentação dessa composição, oito painéis de flores. Chamam nossa atenção as jóias e os tecidos das roupas das dançarinas: a transparência, o brilho, o acetinado, o peso do veludo, as peles, o luxo das sedas e brocados.
Na imagem de hoje mostramos o quadro “A Morte de Atala”, inspirado no poema de François-René Chateaubriand (1768-1848), um dos mais célebres ensaistas e poetas do Romantismo francês, autor de As Memórias de Além Túmulo. Seu estilo de uma eloquência apaixonada influenciou fortemente a literatura, a música e as artes plásticas.
Copio aqui palavras da professora Márcia Valéria Teixeira Rosa em “Arte e literatura na pintura do século XIX: Algumas considerações”:
O poema de Chateaubriand publicado em 1801 foi considerado um marco na literatura romântica francesa.
O cenário da estória é ambientado no deserto da América do Sul. A narração é feita por Chactas, já idoso, a seu filho adotivo Renato, durante uma viagem em que o francês pede ao ancião que lhe conte sua estória.
A protagonista, Atala, é filha do chefe de uma tribo, que apaixona-se pelo então prisioneiro Chactas e foge com ele. No deserto, eles encontram um missionário que os conduz até a gruta, cenário de todo o desfecho da tragédia.
O casal o convence a casá-los. Mas, Atala recorda-se de que sua mãe lhe havia consagrado a Deus e acreditando que seu voto é irrevogável, decide envenenar-se.
Na versão de Rodolpho Amoêdo, “Morte de Atala”, a obra está afinada com os ideais românticos pela exaltação da morte como fuga da realidade, fruto do desejo de evasão levado ao extremo neste período.
Neste caso, a morte é exaltada como solução única e possível, pela incapacidade da personagem em cumprir a promessa materna e seguir seu destino santificado. Seu desespero chega ao limite de tirar a própria vida, impossibilitada de casar-se com o homem que ama, legitimando o tema romântico por excelência”.
Óleo sobre tela, de 105,5 x 136 cm

Acervo Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro

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