sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Más Notícias - (1895) - Rodolfo Amoedo

Pintura: Más Notícias (1895)



Dois trechos de estudos críticos sobre a obra e a carreira de Rodolfo Amoedo:
Alfredo Galvão, in SOUZA, Wladimir Alves de, Aspectos da Arte Brasileira, Rio de Janeiro, 1981.
"No ensino Rodolfo Amoedo inovou, abandonando a cópia de quadros e de estampas, suprimindo a preocupação do 'belo ideal', já timidamente tentado por Victor Meirelles. Passou ao 'verismo', ou seja, à interpretação do modelo vivo tal como se apresenta, com qualidades plásticas ou sem elas. Exigia rigor no desenho, o caráter da figura, a palheta (sic) clara, isto é, sem os negros, o betume, as terras queimadas. Afirmava certas noções que nunca esqueci, como 'o preto só deve ser usado nas meias tintas claras' ou 'fará facilmente a paisagem quem dominar completamente a figura humana'. Ensinava os processos de pintura mais usuais na época: pastel, aquarela, têmpera, encáustica, óleo, afresco, sendo o primeiro professor a fazê-lo em toda a centenária vida da Academia e da Escola. Dizia não ser seu escopo formar especialistas, mas profissionais conhecedores do ofício e não amadores. Para esta última finalidade não via como o governo devesse manter a Escola. Não via com benevolência o 'aluno livre', talvez porque na Academia fossem denominados 'amadores'. Mas essa classe de alunos permitiu a formação de notáveis artistas. Eram alunos que trabalhavam para ganhar a vida e estudaram por irresistível vocação. Candido Portinari e Oswaldo Teixeira são os exemplos mais notórios".
De Tadeu Chiarelli, in Arte Internacional Brasileira. São Paulo: Lemos, 1999:
(...) Rodolfo Amoedo percebeu com sagacidade que, sem o beneplácito da Corte Imperial, a pintura idealizadamente romântica chegara ao fim no Brasil. Nos primeiros anos da República terminara a necessidade nítida no Império de forjar os mitos da nacionalidade, quer na literatura, quer nas artes visuais. Por outro lado, os temas sagrados caíram em desuso, dando lugar a um gosto mais burguês, representado nas artes visuais pela pintura de retratos e de paisagens.
É com retratos que o pintor vai notabilizar-se. Nessas suas pinturas saberá aliar à captação objetiva do real uma dose equilibrada de idealização, perceptível na ênfase à linearidade de suas composições, ao ajuste da cor, à supremacia do contorno, procedimentos que evidenciam o caráter plástico de suas obras. (...)".
Rodolfo Amoedo morreu no Rio, em 1941, aos 84 anos. Pobre, sem ajuda alguma da Escola para a qual dedicou a maior parte de sua vida. Foi enterrado graças à generosidade de alguns alunos e amigos. Talvez tenha sido maior mestre do que pintor, embora as telas que o MNBA abriga sejam belíssimas.
Más Notícias”, Paris, óleo sobre tela, 100 x 74 cm.

Acervo Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa -p/ Blog do Noblat.com.br

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