quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Henri Matisse (como o adoecimento influenciou sua carreira)

  do Blog: www. belasartesmedicas.blogspot.com (riquissímo)

 Henri Matisse (COMO O ADOECIMENTO INFLUENCIOU SUA CARREIRA)

   Henri Emile Bernoit Matisse é conhecido pela simplicidade e exuberância de cores em suas pinturas. Nasceu no norte da França, em 1869, filho de um farmacêutico e comerciante de grãos, que sonhava em tornar o filho um grande advogado. Correspondendo aos sonhos do pai, chegou a formar-se em direito, mas nunca exerceu a profissão, pois achava a carreira jurídica entediante. Provavelmente, herdou o amor pela arte de sua mãe, que era pintora de porcelanas. Esta iria introduzir o filho no mundo das artes de forma nâo intencional, quando estimulou o jovem Matisse a pintar, para afásta-lo do ócio, durante o período de convalescença de uma apendicite.
   As pinturas de Matisse e seus colegas foram duramente criticadas por seus traços expressivos e cores intensas, sendo chamados de "fauves" (bestas selvagens). Surgiria então o fauvismo, movimento sem pretenções políticas ou críticas, com temas leves e alegres. Os fauvistas faziam uso das cores puras, tal como estão no tubo de tinta. O artista não as tornava mais suaves nem criava gradação de tons. Tal movimento é responsável pelo desenvolvimento do gosto pelas cores puras, que atualmente estão presentes em muitos objetos e peças de nossos vestuários.
   Para compreendermos a obra de Matisse, temos que saber que em suas pinturas as coisas representadas são menos importantes do que a maneira de representá-las. ("Quero que minha arte seja como uma boa poltrona em que se descansa o corpo cansado").
  

Henri Matisse. Red Fish and a Sculpture. 1911. The Museum of Modern Arts, New York, NY, USA.


   Henri Matisse. The Music Lesson. 1917.  Barnes Foundation, Lincoln University, Merion, PA, USA.


   No ano de 1941, já muito prostrado devido a um câncer de intestino, foi submetido a duas cirurgias que prejudicaram seus movimentos, deixando-o em uma cadeira de rodas. Tal processo de adoecimento teve influência na maneira de executar sua arte, já que o artista passou a utilizar com mais frequência a aplicação de tinta em papel recortado, técnica conhecida como "gouaches découpées". Podemos observar tal técnica em seu livro Jazz de 1947.

Icarus. 1947. Ilustração do livro 'Jazz'.

   A obra acima, conhecida como "O Homem Pássaro", baseia-se no mito de Ícaro. Segundo a mitologia grega, Ícaro era filho de Dédalo, um dos homens mais criativos de Atenas. Devido a circunstâcias outras, pai e filho foram aprisionados em um labirinto onde só era possível fugir pelo ar. Sabendo disso, Dédalo projetou asas com penas de aves e cêra para que seu filho pudesse fugir. Entretanto, advertiu-o para que voasse em uma altura média,  nem tão próximo ao sol, para que o calor não derretesse a cêra que colava as penas, nem tão baixo, para que o mar não pudesse molhá-las. Ícaro por sua vez, sentindo-se atraído pelas belezas do céu, não obedeceu as recomendações de seu pai e voou em direção ao sol. Suas asas não aguentaram o calor e Ícaro acabou caindo no mar. Na pintura de Matisse podemos observar o personagem em queda livre, afastando-se do brilho das estrelas.
   No entanto, a obra que melhor representa as limitações físicas e a tristeza do artista na última fase de sua vida é "A Tristeza do Rei", de 1952. Nesta figura, podemos observar a última saudação do artista, representado pelo rei vestido de negro com uma viola em suas mãos e rodeado por temas que lhe são queridos, como a dança da bailarina

A Tristeza do Rei. 1952.

   Provavelmente Matisse seguiu o exemplo de seu amigo Renoir, que apesar das graves limitações físicas causadas por uma doença reumatológica, continuou trabalhando até os últimos dias de sua vida. Conta a história que, certa vez, ao observar as dores que Renoir sentia em suas articulações ao pintar, Matisse questinou porque o amigo continuava a trabalhar, no que o mais velho respondeu "A dor passa, mas a beleza permanece". Realmente, a vasta obra de Renoir permanece até os dias de hoje e pode ser contemplada em vários museus ao redor do mundo.

Henri Matisse, 1944.

REFERÊNCIAS
Coleção Folha Grandes Mestres da Pintura, vol. 8.
COUTINHO, F. A Arte de Recortar Papéis: Matisse e a Tristeza do Rei.

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