Minha querida "Marilia" Tomás Antonio Gonzaga - Marilia de Dirceu
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- PARTE III
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- Lira III
- Tu não verás, Marília, cem cativos
- Tirarem o cascalho, e a rica, terra,
- Ou dos cercos dos rios caudalosos,
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- Ou da minada serra.
- Não verás separar ao hábil negro
- Do pesado esmeril a grossa areia,
- E já brilharem os granetes de ouro
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- No fundo da bateia.
- Não verás derrubar os virgens matos;
- Queimar as capoeiras ainda novas;
- Servir de adubo à terra a fértil cinza;
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- Lançar os grãos nas covas.
- Não verás enrolar negros pacotes
- Das secas folhas do cheiroso fumo;
- Nem espremer entre as dentadas rodas
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- Da doce cana o sumo.
- Verás em cima da espaçosa mesa
- Altos volumes de enredados feitos;
- Ver-me-ás folhear os grande livros,
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- E decidir os pleitos.
- Enquanto revolver os meus consultos.
- Tu me farás gostosa companhia,
- Lendo os fatos da sábia mestra história,
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- E os cantos da poesia.
- Lerás em alta voz a imagem bela,
- Eu vendo que lhe dás o justo apreço,
- Gostoso tornarei a ler de novo
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- O cansado processo.
- Se encontrares louvada uma beleza,
- Marília, não lhe invejes a ventura,
- Que tens quem leve à mais remota idade
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- A tua formosura.
- Segundo"Manuel Bandeira" essa III parte é a mais bela dos poemas do livro "Marilia de Dirceo" edicão de 1824, do poeta luso-brasileiro Tomás Antonio Gonzaga.
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